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Meu relato sobre a maternidade

  • Larissa Fernandes Menegatti
  • 23 de abr. de 2018
  • 2 min de leitura

​Ele estava dentro de mim havia 8 semanas. Media um pouco mais que 1 centímetro. E meu corpo já experimentava uma enorme mudança. Ao fazer a primeira ecografia, meu esposo Rafael e eu estávamos apreensivos, mas ao ouvirmos em alto e bom tom o coração do nosso filho bater... reticências...sim, um sentimento infinito nos invadiu. Naquele momento entrelaçamos as mãos, cruzamos os olhares marejados de lágrimas e o sorriso escancarou a alegria em nossa alma. Deus havia nos agraciado com o dom da vida de nosso primeiro filho.

A maternidade é uma experiência tão humana e ao mesmo tempo tão divina que a considero um caminho profundo de espiritualidade. Minha oração mudou, meu olhar sobre o mundo e as pessoas também passou a mudar. Passei a me sentir impactada por questões que antes não me afetavam como me afetam agora. Meu intelecto desenvolveu interesse por temas que antes me eram distantes e ressignifiquei muitas das minhas reflexões.

Me lembro muito bem de que passei os primeiros meses da gestação no período da Quaresma e da Páscoa com muito mal estar e aproveitava o tempo litúrgico para dar-lhes sentido. Enfim, não foram semanas fáceis para mim. No domingo de Ramos meu esposo trabalhava e fui participar da Missa no Mosteiro Trapista, em Campo do Tenente -PR, com um casal de amigos muito especial para nós. E a homilia do abade Dom Bernardo Bonowitz me preparou para o parto. A narrativa do Evangelho dizia que no alto da Cruz Jesus soltou um brado e o véu do templo rasgou-se (Mc 15, 37-38). Dom Bernardo comparou essa cena a uma mulher em dores de parto, cujo corpo se abre para dar a vida. Parece ser o fim de tudo, mas é apenas o começo de uma vida nova, de uma nova criação.

Confesso que passei a desejar mais intensamente entrar em trabalho de parto, embora os médicos nos dissessem que isso era "quase" impossível no meu caso, por ser uma gravidez de risco. Ok. O bom senso me fez entender que o mais importante era a chegada do filho, independente por qual tipo de parto ele viesse. E procurei sossegar o coração, aguardando a data da cesárea agendada para o dia 29 de setembro, uma sexta-feira, dia dos Arcanjos. No domingo precedente tirei o dia para me preparar espiritualmente, rezar, escrever e relaxar na medida do possível.

À noite, antes de deitar senti um incômodo, mas considerei normal da fase em que estava. Lá pelas quatro horas da manhã fui acordada por uma dor que vinha intensa e passava alternadamente. Enfim, eram as benditas contrações. Aguardamos em casa e algumas horas depois fomos à Maternidade e para a nossa surpresa, o encaminhamento para o parto foi às pressas, pois estava com oito para nove centímetros de dilatação. Pela graça de Deus nosso filho Tomás Gabriel nasceu de parto normal, bem e saudável.

Poder ouvir o seu chorinho, poder olhar o seu rostinho, senti-lo nos braços e reconhecê-lo como filho me fez também nascer de novo.


 
 
 

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